Enfim...chegamos ao último artigo dessa jornada! Foi intenso, mas foi tão prazeroso escrever sobre cada experiência vivida. Entendam que esses artigos ou crônicas da minha vida real só correspondem a uma pequena porcentagem do que realmente vivemos quando colocamos projetos em campo e trabalhamos com a inovação e o empreendedorismo social.
Vou apresentá-los então...a rota nível hard, não para amadores ou principiantes da aplicação de projetos durante nosso Game Olhares - metodologia gamificada do Social Brasilis que desenvolve habilidades empreendedoras na juventude.
Uma rota nível hard
Reservei o que foi mais intenso nesse último post da nossa jornada olhares. Imagine sair de casa na terça-feira pela manhã e retornar apenas no sábado à noite por seis semanas consecutivas vivenciando perrengues extremos. Imaginou? Pois é...passamos por isso.
A rota correspondia as cidades de Orós, Quitaús (zona rural de Lavras da Mangabeira-CE), Iguatu e Solonópole, todas localizadas no extremo sul do Estado do Ceará.
A nossa facilitadora Luíza, personagem principal dessa crônica, era a protagonista dessa rota e eu a acompanhei nas aplicações finais do game nessas localidades.
Primeiro, saímos de Fortaleza de avião até Juazeiro do Norte-CE e de lá pegamos um ônibus até a cidade de orós-CE (5h de estrada até lá). No percurso conversamos sobre absolutamente tudo, tudo mesmo, até chegar a Orós.
Orós é a terra do cantor Fagner, cheia de ladeiras, clima seco e quente e tem uma grande represa. Eu não relacionei nenhum desses pontos até conhecer a cidade mesmo. Escutei várias histórias sobre a cidade antes da minha visita. Uma delas é que as janelas do hotel que os educadores ficavam tinha a vista para um grande morro com casas muito próximas das janelas dos quartos do hotel, portanto, saia do banheiro vestida (hehe) porque todo mundo ver e você acompanha o dia-a-dia dos moradores em tempo real. Bem...era isso mesmo!
Caro leitor ou leitora, caso queira saber...eu escutei os conselhos e mantive a cortina da janela fechada (hehe).
Quitaús...na madruga
Às 3h da manhã deveríamos organizar as coisas e partir as 4h para Quitaús (zona rural da cidade de Lavras da Mangabeira-CE), a topic passava para nos pegar nesse horário, para chegar as 6h na localidade, ficar no meio da estrada, esperar um mercadinho abrir e nos receber para tomar café e tentar dormir na mesa até as 9h quando a instituição abriria para inicio do jogo.
Quando fui acompanhando a Luíza, acabou chovendo durante a manhã cedo, um frio imenso e eu estava sem casaco achando que seria um calor intenso e estávamos no meio da estrada com o mercadinho ainda fechado. Não penso que essas dificuldades extras significam que tenha sido apenas por eu ter ido, né? Ou significa?
Ok, significa...mas o mais importante que muitos jovens nos esperavam. Ouvi as apresentações dos resultados dos projetos deles, celebramos e recebemos muitos abraços dessa turma. Tinha até uma ideia de projeto para o reaproveitamento de verduras e frutas dos mercadinhos da localidade para famílias carentes, dando um aproveitamento ao que seria jogado fora encaminhando para a nutrição familiar.
---"Sempre tem, Manú! Ele (motorista) sabe que nós vamos!
Então a topic veio e quando ele abriu a porta...eu e Luíza ficamos assim - disfarçamos uma reação:
A topic tava lotada, cheia de caixas, malas, fogão, geladeira, gente. Não dava para visualizar um espaço para mim e a Luíza. Bem...não dava para ver, mas ele conseguiu nos colocar à força (forçou dois lugares pra gente) e fomos, apertadas, agoniadas, suadas, seguimos rumo a Iguatu, 45 minutos naquela situação até pegar o micro-ônibus rumo a Iguatu mesmo, no segundo trajeto da viagem.
Eu fiquei agoniada. Uma mistura de calor, aperto, falta de ar e enjoo...fechei os olhos, coloquei os fones de ouvido, entreguei os 45 minutos ao senhor e naveguei na música, só assim mesmo consegui.
#Partiu Solonópole
No outro dia...estávamos, dignas, na rodoviária esperando a topic para Solonópole e Luíza, mais uma vez, me avisou: ---Quando a topic aparecer ali na entrada, temos que correr, Manú! É lotada, sai gente de todo lugar para pegar ela e se não formos rápidas ficaremos em pé até lá.
Eu acreditei! Que bom!
Quando a topic chegou parecia o apocalipse!
Fomos rápidas e pegamos um lugar para nós...super, hiper, tri, blaster apertadas e fomos até lá assim por quase 3h de viagem.
Em Solonópole, vimos projetos de dança, de música e fiquei muito feliz por todos os resultados daqueles projetos criados por jovens. Nossos olhos brilharam!
Em Solonópole a água é salobra, extremamente salgada e na pousada os nossos educadores recebiam uma garrafa de água potável para escovar os dentes, porque não estavam acostumados com o tipo de água da região. Incrível o cuidado e a acolhida das pessoas da cidade para conosco e como nós, nordestinos, somos fortes para conviver com nossa crise hídrica.
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O olhar da Luíza, facilitadora da turma, ao escutar os projetos |
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Muitas reflexões e muitas ideias! |
Depois de todos esses quilômetros percorridos o aprendizado que ficou, o olhar desse episódio é com certeza que devemos continuar a estimular projetos de impacto, principalmente, nos interiores, olhar com singular atenção para nosso campo, para essas pessoas que migram para garantir uma vida melhor, principalmente a nossa juventude. Temos que explorar esses contextos e desenvolver habilidades para o protagonismo local transparecer.
Acompanhe os primeiros artigos da jornada olhares:
Artigo 01 - aqui.
Artigo 02 - aqui.
Artigo 03 - aqui.
Até mais!!!!